O periódico A NOITE, RJ, de 1 de novembro de 1914, publica a partitura do tango Gaúcho (Corta-jaca) de Chiquinha Gonzaga, após escândalo no palácio do catete.
O estupendo sucesso do Corta-jaca
Reprodução da deliciosa partitura
Não se fala em outra coisa. O retumbante triunfo conquistado pelo Corta-jaca, o gracioso e devenvolto lundú, que fez as delicias dos frequentadores do Recreio, preocupa a cidade, depois da última recepção, obrigada a traje de rigor e a qual compareceu quase todo o corpo diplomático, no palácio do governo. Sendo assim, vamos satisfazer a justa curiosidade de alguns leitores, que conhecem mal ou desconhecem a letra e a música do original lundú, esta escrita pela conhecida compositora Francisca Gonzaga. A letra, que encontramos nos livros da especialidade, foi cantata na revista Cá e Lá, de Tito Martins e Bandeira Golvêa, e é a seguinte:
(cavalheiro e dama)
Ela:
Neste mundo de misérias, quem impera / É quem é mais folgazão / É quem sabe corta jaca, nos requebros / De suprema perfeição
Ai! ai! Como é bom dançar! Ahi!… / Corta jaca, assim… assim… assim… / Mexe co’o pé!… / Ai!… ai!… tem feitiço, tem ai! / Corta, meu benzinho, / Assim… Olé…
Ele:
Esta dança é buliçosa, tão dengosa / Que todos querem dançar / Não há ricas baronesas, nem marquezas / Que não saibam requebrar… requebrar… / Ai! ai! etc, etc.
Ela:
Este paço tem feitiço, tal ouriço / Faz qualquer homem coió / Não há velho carrancudo, nem sizudo / Que não caia em trololó… trololó. / Ai! ai! etc, etc.
Ele:
Quem me vir assim alegre, no Flamento / Por certo se ha de render / Não resiste com certeza, com certeza / Este jeito de mexer… de mexer… / Ai! ai! etc, etc.
Juntos:
Um Flamento tão gostoso, tão ruidoso/ vale bem meia pacata / Dizem todos que na ponta… está na ponta / Nossa dança Corta-jaca! Corta-jaca/ Ai! ai! etc, etc.
Fonte: Biblioteca Nacional Brasileira / Hemeroteca Digital