Autora Dalila Vasconcellos de Carvalho
Dossiê Expressões Artísticas e Mulheres
Arquivos do CMD, Volume 2, N. 2. Jul/Dez 2014
Resumo: Neste artigo, pretendo mostrar como as musicistas brasileiras Helza Camêu (1903-1995) e Joanídia Sodré (1903-1975) tornaram-se compositora e maestrina, respectivamente, nos anos 1930, no Rio de Janeiro. Quais configurações sociais viabilizaram o acesso dessas mulheres à composição e à regência, até então, duas atividades restritas aos homens? Quais foram os dilemas e como cada uma delas os enfrentou? Ao analisarmos a emergência dessas duas trajetórias anteriormente improváveis no campo da regência e da composição poderemos compreender, primeiro, como o pudor e o recato, aspectos da socialização feminina, tornaram-se obstáculos à profissionalização das musicistas, a despeito das suas qualidades musicais e artísticas. Segundo, como as convenções de gênero determinam a divisão do trabalho artístico entre homens e mulheres, bem como constituem o ideal romântico e « masculino » da figura do artista, um obstáculo a mais para o reconhecimento delas como tal.
Palavras-chaves: Helza Camêu, Joanídia Sodré, mulheres artistas, gênero, música, corpo.