O século 19 foi caracterizado por normas sociais rígidas e desigualdades de gênero profundas. As mulheres enfrentaram várias formas de preconceito ao longo desse período, refletindo as visões patriarcais e as estruturas sociais da época. Algumas das formas de preconceito contra as mulheres no século 19 incluíam:
- Restrições Educacionais
- Limitações Legais
- Restrições no Trabalho
- Vestimenta e Normas de Comportamento
- Medicalização da Feminilidade
- Exclusão da Participação Política
- Estigmatização da Sexualidade
Chiquinha, que nasceu Francisca, ficou conhecida popularmente pelo nome no diminutivo, e isso tem levantado questionamentos!
É fato que, no contexto familiar, Francisca era chamada de Chiquinha, e que seu irmão José Basileu Neves Gonzaga Filho, era conhecido como Juca e não Juquinha. A questão é a utilização do diminutivo como mais uma forma de diminuição da mulher. A discussão é ampla e não será resolvida nesta publicação, mas gostaria de apresentar alguns pontos para auxiliar nas reflexões.
Na imprensa, por exemplo, desde as primeiras vezes em que é foi mencionada, em 1963 na ocasião do seu casamento com Jacintho, podemos notar que, na maioria das vezes, Chiquinha foi mencionada como Francisca, ou D. Francisca.
A primeira vez que Francisca aprece na imprensa como Chiquinha Gonzaga foi em 1878, depois em 1881 e 1885. Em 1995 a imprensa registra uma preocupação com a cacofonia em seu nome Francisca Gonzaga, apontada também 1953.
Em 1839, Mariza Lira, publica a primeira biografia sobre Francisca e a titula Chiquinha Gonzaga: grande compositora popular brasileira.
A partir de algum momento da vida de Francisca, Chiquinha, apelido familiar, se torna popular independente dos aspectos preconceituosos e inúmeras tentativas de repressão dos seus talentos.
Formalmente, toda sua obra foi assinada e publicada como de autoria de Francisca Gonzaga. Como seria o sentimento de Francisca ao perceber o crescimento incontrolável de Chiquinha Gonzaga?
O periódico Revista Illustrada N 133, Rio de Janeiro, 25 de maio de 1878, traz a primeira, ou, uma das primeiras referências da grafia “Chiquinha Gonzaga” ao invés de Francisca Gonzaga ao se referir a compositora.
O periódico Gazeta de Notícias, RJ, 1 de janeiro de 1881, também se refere a compositora como “Chiquinha maestra”. Polca Atraente também aparece no texto.
O periódico Revista Illustrada, RJ, 24 de janeiro de 1885, ao anunciar sobre a opereta A corte na roça, faz referência a “D. Francisca Gonzaga, ou mais familiarmente como a tratam Chiquinha Gonzaga…”
O periódico A Notícia, RJ, 22 de agosto de 1895, anuncia uma crítica sobre a peça teatral Zizinha Maxixe, musicada por Chiquinha, e uma curiosa abordagem sobre a predileção por chamar de “Chiquinha” ao invés de “Francisca”.
O periódico Diario da Noite, RJ, de 5 de dezembro de 1953, anuncia “Como a Chiquinha Gonzaga se safou da cacofonia” … “A grande, a inolvidável Chiquinha Gonzaga, cujo nome artístico é tão gostoso, jamais usaria seu verdadeiro nome “Francisca Gonzaga” por saber o horror da cacofonia.”
Fonte: Hemeroteca Digital / Biblioteca Nacional Digital