Ó Abre Alas, com Rosamaria Murtinho

Para homenagear os 150 anos de nascimento de Chiquinha, estreou no teatro São João Caetano (Rio de Janeiro) o musical Ó Abre Alas, escrito por Maria Adelaide Amaral baseado no livro de Edinha Diniz. No palco, 22 atores.
Estrelando: Rosamaria Murtinho Direção Geral de Charles Moeller e Direção Musical de Cláudio Botelho.
Musical resgata memória de Chiquinha Gonzaga e da praça Tiradentes
Por Leonardo Ladeira

Chiquinha Gonzaga está de volta à Praça Tiradentes. E no melhor estilo. O musical “O Abre Alas”, em cartaz no Teatro João Caetano, faz uma justa homenagem à primeira maestrina brasileira, e relembra os tempos em que a Praça Tiradentes foi o mais efervescente pólo da vida cultural carioca.

Dirigido por Charles Moeller, o espetáculo é estrelado por Rosamaria Murtinho, que faz sua estréia em musicais. A atriz conta que a principal intenção da peça, escrita por Maria Adelaide Amaral, é mostrar às pessoas quem foi Chiquinha Gonzaga e ressaltar sua importância para a música e o teatro brasileiro. O local, o Teatro João Caetano (antigo Teatro São Pedro de Alcântara), não poderia ser melhor escolhido: naquele palco foram apresentadas várias burletas musicadas por obras da compositora. Foi lá também, em 1889, que Chiquinha regeu um concerto de violões em homenagem a Carlos Gomes.

Para viver a revolucionária compositora, Rosa teve aulas de canto, além de dicas especiais de Selma Reis, que faz uma participação especial na peça vivendo uma cantora de cabaré. A atriz também visitou os lugares que Chiquinha frequentava, como a Confeitaria Colombo e a Igreja da Lampadosa, além do edifício onde ela morou, na Praça Tiradentes. “Fiquei fascinada quando a personagem caiu em minhas mãos. Não sei como os cariocas nunca se interessaram por Chiquinha”, pergunta-se ela.

Elenco do Musical Ó Abre Alas. Foto: Blog de Alessandra Verney
Elenco do Musical Ó Abre Alas. Foto: Blog de Alessandra Verney

O musical não mede esforços para corrigir essa falha. No palco, 22 atores contam a trajetória de Chiquinha, enquanto quatro músicos executam ao vivo clássicos da maestrina, como “Lua Branca”, “Corta-Jaca” e, é claro, “O Abre Alas”. Os figurinos foram confeccionados pela carnavalesca Rosa Magalhães, e os cenários incluem uma paisagem do Rio antigo, com vista dos Arcos da Lapa. O elenco conta com a participação de Rosana Garcia, Thiago Picchi e Monique Lafond, entre outros. A montagem oferece ainda um bônus ao público: Selma Reis interpreta três canções. Um dos grandes momentos do espetáculo é a passagem que revela como Chiquinha criou seu maior sucesso, “O Abre Alas”, que nunca teve partitura e foi eternizada pelo gosto popular.

O musical resgata não só a história de Chiquinha, mas também o Rio de Janeiro em que ela viveu. Personagens como Artur Azevedo, João do Rio e Procópio Ferreira se misturam entre os músicos e as coristas dos teatros e cabarés. Em seu leito de morte, a compositora pede que abram as janelas para que ela pudesse ver a Praça Tiradentes pela última vez. O cenário da praça na época era formado por um valioso conjunto de teatros, como o São José, o Recreio, além dos ainda existentes Carlos Gomes e João Caetano. Por esses palcos desfilaram várias composições de Chiquinha, como “A Corte na Roça” e “Forrobodó”.

Elenco do Musical Ó Abre Alas. Foto: Blog de Alessandra Verney
Elenco do Musical Ó Abre Alas. Foto: Blog de Alessandra Verney

Nascida em 1847, Chiquinha Gonzaga foi durante toda sua vida uma transgressora. Por amor à música abandonou o marido e a família. Fez campanha pela abolição dos escravos e possuía idéias republicanas. Também foi a fundadora da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais – SBAT, instituição pioneira na proteção dos direitos autorais no país. É autora de mais de duas mil composições, entre partituras de peças teatrais, polcas, tangos, valsas, modinhas, choros e canções. Sua vida, como ela costumava dizer, daria uma grande burleta. 63 anos após sua morte, seu sonho é finalmente realizado em forma de um grande espetáculo na velha Praça Tiradentes.

Ó Abre Alas, com Rosamaria Murtinho 1998 (2)

Ficha Técnica

Texto: Maria Adelaide Amaral
Baseado no livro de: Edinha Diniz
Direção: Charles Möeller
Direção Musical: Claudio Botelho
Cenografia: Charles Möeller
Figurino: Rosa Magalhães
Iluminação: Aurélio de Simoni
Coreografia: Daniela Visco
Assistente de Direção: Celso André Monteiro
Músicas: Chiquinha Gonzaga
Músicas Compostas: Claudio Botelho
Pesquisa Musical: Colé Alencar
Consultoria Musical: Paulo Afonso de Lima

Ó Abre Alas, com Rosamaria Murtinho 1998 (1)

Elenco

Rosamaria Murtinho (como Chiquinha Gonzaga)
Ada Chaseliov
Alessandra Maestrini
Alessandra Verney
Ângelo de Matos
Annabel Albernaz
Cacau Hygino
Cláudio Galvão
Gottsha
Guilherme Isnard
Marcelo Torreão
Márcia Del Anillo
Monique Lafond
Patrick de Oliveira
Ricardo Brasil
Ricca Barros
Rodrigo Mendonça
Rosana Garcia
Selma Reis
Sílvio Ferrari
Stela Maria Rodrigues
Thiago Picchi

Participação Especial:
Selma Reis

CD trilha sonora da peça

Fonte: www.moellerbotelho.com.br/index.php/o-abre-alas 

Uma opinião sobre “Ó Abre Alas, com Rosamaria Murtinho

  • dezembro 29, 2013 em 01:29
    Permalink

    I like the helpful info you provide in your articles.

    I will bookmark your blog and check again here regularly.
    I am quite certain I’ll learn lots of new stuff right here!
    Best of luck for the next!

Deixe um comentário