TRIGUEIRA!, Desgarrada Minhota |
Publicada como canção em Lisboa, por Neuparth e Carneiro Editores, c. 1902, na série Canções Portuguesas, nº 23, com versos do romancista português Julio Dinis (1839-1871), e no Rio de Janeiro, por Manoel Antônio Gomes Guimarães, como Trigueira – desgarrada minhota. Foi gravada por Almeida Cruz (voz) em disco Columbia, em 1912, com o título de Trigueira.
letra de Julio Diniz
1.
Trigueira, que tens?
Feia com essa cor te imaginas?
Feia, tu que assim fascinas
Com um só olhar dos teus!
Que ciúme tens d’alrura
Desses semblantes de neve!
Ai! pobre cabeça leve
Que te não castigue Deus!
E suspiras, e murmuras
Que mais desejavas inda?
Pois serias tu mais linda,
Se tivesses outra cor?
2.
Trigueira, se tu soubesses
O que é ser assim trigueira,
Dessa ardilosa maneira
Por que tu sabes ser,
Não virias lamentar-te
Toda sentida e chorosa,
Tendo inveja a cor da rosa
Sem motivos para a ter!…
E suspiras, e murmuras
Que mais desejavas inda?
Pois serias tu mais linda,
Se tivesses outra cor?
3.
Trigueira, vamos, esconde
Esse choro de criança!
Ai! que falta de confiança,
Que ardilosa timidez!
Enxuga os lindos olhos,
Então não chores, trigueira…
E nunca mais dessa maneira
Te lamentes outra vez!…
E suspiras, e murmuras
Que mais desejavas inda?
Pois serias tu mais linda,
Se tivesses outra cor?