SANTA |
Esta canção traz no manuscrito a designação de ‘valze d’amore’. É considerada, no entanto, uma ‘valsa canção’. A composição, de 1903, logo depois publicada por Manoel Antonio Guimarães, tem como autor dos versos o poeta Alberto de Oliveira (1857-1937), um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, que formava com Olavo Bilac e Raimundo Correia, a ‘trindade parnasiana’ no Brasil. O memorialista Luiz Edmundo traçou-lhe o seguinte retrato: “Tipo viril, alto, ereto, solene. Olhar meigo e sorriso fatal. Entra na Livraria Garnier como que a controlar a medida do gesto, parnasianamente. Que tudo nele é ritmo: o pé que avança, a mão que move, a figura que arqueia… Caminha como um ser alexandrino: com pompa, glória, terso, altivo…” A música foi publicada em Lisboa, pelo Almanaque Musical Artístico Literário 1910, de A Editora, e pela revista brasileira A Máscara [ano 1, n. 5, de 20/05/1925]. O homenageado com dedicatória é Calixto Cordeiro, o mestre da caricatura K. Lixto (1877-1957). Santa recebeu versos de Olívia Hime, que a gravou com o título de Um piano apaixonado: Olívia Hime (voz), acompanhada por Francis Hime (piano e teclados), Jorge Helder (baixo) e Cristiano Alves (clarinete), em 1998. Teve gravação na versão original em 1999, por Zélia Duncan (voz), acompanhada por Fernanda Canaud (piano).
letra de Alberto de Oliveira
1.
Creio no bem, creio em ti
Quando o teu lábio sorri
E falas e me parece
Que a tua voz é uma prece
Ah! Quem te pudera levar
Ah! Para te por num altar.
2.
Vissem-te o (maus) e duvido
Que aqueles peitos quebrados
Por males continuados
Tivessem mais um gemido
Ah! Quem te pudera levar
Ah! Para te por num altar.
3.
És doce como um exemplo
És pura e sã como um templo
Todo de flores coberto
E dominando eu deserto
Ah! Quem te pudera levar
Ah! Para te por num altar.
4.
Creio no bem, na piedade,
Pois quando sorriso diviso
O prêmio dessa bondade
No gosto do teu sorriso
Ah! Quem te pudera levar
Ah! Para te por num altar.