A BRASILEIRA

Integrava a série de cançonetas do editor Manoel Antônio Gomes Guimarães c. 1901. Também foi publicada em Lisboa, em 1910, por Almanaque Musical Artístico Literário, de A Editora. Tem gravações por Adriana Calcanhoto (voz) e Maria Teresa Madeira (piano), em 1999; e por Anna Maria Kieffer (voz) e Achile Picchi (piano), em 2000.

letra de J. Senna

 1

Eu adoro uma morena sacudida,

De olhos negros e faces cor de jambo

Lábios rubros cabelos de azeviche!…

Que me mata me enfeitiça põe-me bambo

A cintura meu Deus é delicada

O seu porte é faceiro e bem decente

As mãozinhas são enfeites são berloques

Que faz enlouquecer a toda gente.

 

A morena a quem eu amo a quem adoro

Não me sai um só momento da ideia

É faceira dengosa e muito chique

Tem um pé que beleza que teteia.

 

2

Há segredos, quindins, naquele corpo,

Tremeliques, desmaios, sensações!…

Que nos põe a cabeça andar à roda,

Sonhando com delícias, com paixões.

Seus dentes são marfim de alto preço.

Sua boca um cofre perfumado.

O resto do corpinho uma delícia!

O melhor é não dizer, ficar calado.

 

A morena, etc..

 

3

Tem ternuras, tem afagos e feitiços,

Tem raivinhas, arrufos e veneta.

Sabe a doce de coco seus beijinhos,

E tem o fogo da primeira malagueta.

Quando à tarde ela faz o seu passeio,

Percorrendo a rua do Ouvidor!

Os coiós em coro bradam logo:

Oh! Ferro!! Que quitutes! Que primor!!

 

A morena, etc..

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